O verdadeiro desafio do feminismo: Mudar como o mundo enxerga a força das mulheres
Jul 23, 2025
O feminismo não é um movimento para “tornar as mulheres fortes”. As mulheres já nascem fortes, resistindo diariamente às imposições culturais, sociais e econômicas que tentam limitar suas vidas. O verdadeiro desafio do feminismo é questionar e transformar a forma como essa força é percebida, reconhecida e valorizada em uma sociedade estruturada pelo patriarcado.
Simone de Beauvoir, em O Segundo Sexo, argumenta que a mulher não nasce subordinada; ela se torna subordinada por meio de um sistema que a aliena de sua própria força e autonomia. Esse sistema, fundamentado em séculos de opressão, constrói narrativas que distorcem o poder das mulheres, retratando-as como frágeis ou emocionalmente instáveis, enquanto desumaniza sua resistência ao reduzi-la a “exageros” ou “ameaças”.
Adrienne Rich, em sua obra Of Woman Born, explora como a força das mulheres é frequentemente invisibilizada nos papéis que ocupam, especialmente no âmbito da maternidade e do cuidado. Essa força — tanto emocional quanto física — é tratada como um “dever natural”, nunca como uma escolha ou expressão de poder. O feminismo, nesse sentido, busca ressignificar essas experiências, valorizando-as como partes integrais e revolucionárias da luta por igualdade.
A socióloga bell hooks, em Feminist Theory: From Margin to Center, destaca que o feminismo é uma prática de transformação social. Ele exige que olhemos para a força das mulheres não como algo que deve se conformar às expectativas masculinas, mas como um recurso essencial para a subversão das hierarquias de poder. A força feminina não está apenas em sua capacidade de resistir, mas também em sua criatividade, na construção de novas formas de existir e de se relacionar em um mundo que, historicamente, tentou negá-las.
O patriarcado teme essa força, porque ela é subversiva. Quando mulheres exigem espaço, igualdade e respeito, estão desafiando o status quo. A filósofa Judith Butler, ao discutir as normas de gênero, nos lembra que as mulheres que quebram expectativas — seja ao liderar, ao se recusar a cuidar ou ao reivindicar sua sexualidade — não estão apenas exercendo sua força, mas desestabilizando a própria ideia de feminilidade tradicional.
O feminismo, portanto, não precisa criar força onde ela já existe. O que ele busca é romper as barreiras simbólicas e estruturais que impedem essa força de ser vista como legítima e transformadora. Mais do que isso, o feminismo desafia o mundo a enxergar que a força feminina não é um espelho da força masculina: ela não se baseia na dominação, mas na conexão, na resistência e na criação de novos horizontes.
Mudar a forma como o mundo vê a força das mulheres é uma tarefa coletiva e contínua. Exige repensar narrativas, questionar valores e, acima de tudo, escutar as vozes femininas em toda sua diversidade. Porque as mulheres não precisam de permissão para serem fortes — elas precisam de um mundo que as reconheça como tal.
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